Saturday, November 29, 2008

IMAN Un-controlled


Alguma expectativa para o Festival IMAN em 2008, dirigido por Alexandre a. r. Costa em Famalicão e agora com extensão em Berlim. A «primeira fase» do evento deste ano, em que a iniciativa chega a cinco anos de existência, integra, em torno da pseudo dicotomia 'un-controlled', Marisa Teixeira, Bruno Jamaica, Carlos Sousa e Nádia Duvall [todos formados na ESAD.CR] e Pedro Penilo…

Penilo apresentará «Presépio Polar», de cujos textos preparatórios deixamos aqui alguns excertos:

«O impulso original deste projecto foi não dedicar-me apenas à concepção e realização de um objecto artístico material mas testar o que acontece quando eliminamos o objecto e fica apenas a experiência dele, a memória e o mais difundido meio de troca de informação: a palavra; e sobretudo, a palavra falada.

Não sou asceta, a materialidade das coisas, o seu cheiro e tacto não me causam estorvo. Até por isso decidi tomar como objecto/tema do meu projecto não uma instalação apenas imaginada, mas uma instalação materialmente realizada e, para mim, válida do ponto de vista da sua qualidade artística. Só que estou mais perto do escritor do que do escultor, deleito-me muitas vezes com a ideia do que poderia ter sido.

[…]

Quem preferiria a narração de um filme ao próprio filme? Poucos seguramente quando a questão é o filme. Mas poucos preferirão um filme a um amigo. E um amigo narra um filme. Na era dos fenómenos e meios de comunicação massivos a arte perdeu a escala pessoal. Rimo-nos em conjunto no cinema sem nos darmos conta de que há alguém que não tem vontade de rir. Os tempos são estes e são assim mesmo fascinantes. Mas há pouca arte de olhos nos olhos.»

Vai ser mesmo preciso 'estar lá'… e daí, talvez não. Fica ao controlo de cada um…

Simeon Nelson, criptógrafo!




Simeon Nelson é australiano, residindo na capital inglesa. É docente de Escultura na Universidade de Hertfordshire e co-director da Elastica Residence, em Londres.
Durante uma residência artística na Royal Geographical Society, que durou 15 meses, investigou milhares de mapas, os mais antigos já do século XV. A partir de uma abordagem dos mapas que consideram localizações físicas para lugares míticos, assim como da evolução da cartografia ocidental, desenvolveu o projecto «Cryptosphere», que o artista encara como «a soma de toda a informação retida e escondida num determinado sistema». Neste seu novo corpo de trabalho, é particularmente importante a localização do mitológico e do ornamental no mundo temporal.

Cryptosphere é uma peça que funciona como instalação escultórica: é uma estrutura arquitectural inspirada na cartografia, procurando criar ornamentos ambíguos, que a estrutura modular permite transformar numa forma de ocupação extremamente versátil do espaço. As unidades modulares são organizadas como uma pirâmide cruciforme e cristalina, remetendo-nos vagamente para vários tipos de geometrias arquitectónicas sagradas, criando um não-lugar ambíguo, part of and yet not part of the Earth…

Por vezes, há artistas que conseguem aliar o alcance histórico-mítico à maior delicadeza processual , desviando a política dos lugares comuns para uma praxis subtil…

Thursday, November 20, 2008

Maya & Purnelle – «Bandeiras Humanas» à 24 de Julho






Nuno Maya [n. 1978] e Carole Purnelle [n. 1964] são uma dupla de artistas cujo trabalho tem percorrido linguagens e âmbitos muito diversos, sempre resulta(n)do de um trabalho subtil sobre o dispositivo que elabora a percepção. Nas suas «Pinturas de Luz» há uma interacção entre o mundo virtual da projecção multimédia e o real dos elementos arquitecturais da superfície de projecção… são intervenções efémeras em fachadas, com grande potencialidade comunicativa.

Novembro de 2008. «Bandeiras Humanas» resulta de um convite de Jean-Paul Lefèbvre para que se encontrasse artistas capazes de criar uma obra para o exterior do Palácio de Santos [Embaixada Francesa em Lisboa], e assim celebrar a presidência francesa da União Europeia. O processo de produção envolveu a comunidade francesa residente em Portugal, numa colaboração que passou pela recolha de ‘retratos vivos’ de mais de duas dezenas de pessoas, visando a projecção no espaço público.

A obra é cinematográfica. As pessoas deslocam-se num universo desmaterializado. Projectadas à escala 1:1 e «coloridas» digitalmente, vão-se colocando em determinadas posições, até formar a bandeira francesa. O movimento é fluído, sereno. Depois de uma pausa, as pessoas colocam-se de novo em movimento e formam a bandeira europeia: doze das pessoas simbolizam as estrelas. Finalmente, novo movimento e nova bandeira…

Os criadores passam uma mensagem – os países e as instituições são as pessoas. A obra, interactiva e participada, dá rosto humano a ideias abstractas. Integrada na vida urbana, devolve-nos a ideia da comunidade em construção, no quotidiano, na rua.

O registo da experiência pode ser visto em www.ocubo.com/virtualhumanflags

Nuno e Maya não puderam estar presentes na inauguração porque… estavam em Eindhoven para apresentar os seus «Azulejos Humanos».

O evento integrou a iniciativa LUMIÈRE TOUJOURS que apresentou em simultâneo, no interior do Palácio de Santos, obras de Pedro Cabrita Reis, João Paulo Feliciano [ a ], Nuno da Silva, Martinha Maia e Perrine Lacroix.