Wednesday, May 30, 2007

Em Leiria, Um Solo a Dois revisita 'Orgia' de Pasolini


Ana Rosa Abreu e Daniel Coimbra voltaram a exceder-se na renovação da linguagem e da temática de Pasolini, numa noite íntima no Teatro O Nariz, em Leiria. Luzes minimais, um registo no limite da stand-up comedy e da Revista à Portuguesa, sempre no limite, do corpo e da palavra, com traços de enorme maturidade na leitura do texto, na gestão dos silêncios, na violência contida, na gestualidade precisíssima... Último espectáculo do Festival Mercúrio, da ESAD.CR, primeiros passos numa carreira que se quer original e independente. Talento e verve! Faz cocó! E se estes meninos fossem/[são?] já uma certeza maior do Teatro Português? Façam favor de não se estragar! A foto é do 'sempratento' Márcio Silva.

Tuesday, May 22, 2007

Miguel Chevalier




Já não apenas a cidade tornada virtual dinâmico, eis a(s) arquitectura(s) e o ciclo da vida e do tempo de um Monet revisitado (d'après Christine Buci-Glucksmann, Esthétique de l'éphémère, Galilée, Paris, 2003.

Chevalier (México, 1959), esteve em Lisboa, na Luzboa 2006, com um relativamente discreto Sur-Nature projectado na fachada dos Armazéns do Chiado. Interactividade e escala, numa realidade virtual luminosa.

Nunca é demais referir um artista francês que desenvolve em cada novo projecto soluções tecnológicas e dispositivos formais inovadores, sem nunca deixar de perseguir um caminho encetado desde que se revelou pioneiro das artes digitais.

Volta depressa!

Festival Glow brilha… em Eindhoven



Light as a complex phenomena needs sites which stimulate perception processes which go far beyond the visibility of the naked eye.

Stefan Hofmann


Eindhoven é a quinta maior cidade dos Países Baixos, com cerca de 200 000 habitantes. Deve o seu desenvolvimento industrial em grande parte à Philips, cuja primeira fábrica aí foi fundada. Em 1891, o objectivo de Frederik Philips e seu filho, Gerard, era o de criar lâmpadas baratas, eficientes e confiáveis. Hoje, a Philips, para além de inovar na área da Imagem ou das Tecnologias Médicas, ilumina monumentos mundialmente conhecidos e mantém na cidade os seus escritórios, onde funciona um centro de demonstração de tecnologias de iluminação.

Em Eindhoven, cidade que a II Guerra Mundial quase destruiu por completo – donde a modernidade dos seus edifícios – ao mesmo tempo que se respira a atmosfera pacata de uma pequena urbe europeia, vislumbram-se desde há alguns anos traços notórios de investimento num Conceito Urbano que associa o passado industrial, ligado à Iluminação, à busca de um desenho urbano integrado e à promoção de oportunidades de marketing estratégico. O Município local está interessado em promover a cidade como foco de investimento na área da Alta tecnologia e dá enorme importância à questão da criatividade. Daí à ‘Arte da Luz’ foi um passo.

Eindhoven integra as várias acções relacionadas com a Luz em contexto urbano numa ideia genérica mas clara: ‘Eindhoven City of Light’. Trata-se de um Plano que precisamente aglutina intervenções arquitecturais, projectos independentes, arte pública, festivais urbanos, toda a gama de acções que dão valor à componente Luz no Projecto Urbano. Esta dinâmica, pública e privada, articula ainda encontros, conferências e, em destaque, o estreitamento das relações com a LUCI – Lighting Urban Community International [Rede Mundial de Cidades-Luz que Eindhoven integra oficialmente desde 2007].

No quadro dos eventos preparatórios de Eindhoven City of Light, havia que desenvolver no final de 2006 um projecto experimental e artístico que, de forma efémera e recorrendo a um budget relativamente baixo, celebrasse o ambiente positivo da cidade e centrasse a opinião pública nas temáticas da Luz. Bettina Pelz, curadora do Festival Lichtrouten na Alemanha, lançou mãos à obra e reuniu na cidade, de 24 Novembro a 3 Dezembro, um programa diverso composto por 14 peças que dialogaram com a restante oferta da cidade de forma subtil. Sob a designação de GLOW – FORUM OF LIGHT IN ART AND ARCHITECTURE, artistas de vários países, representantes de vários festivais europeus [incluindo Portugal, com a Luzboa a ceder a obra Family Idea, de Ron Haselden, que esteve em 2004 nos Jardins do Parque Eduardo VII] proporcionaram uma mostra de arte urbana que primou pela rara associação entre inovação técnica e capacidade de adaptação ao meio urbano.

Estiveram presentes, entre outros, os artistas Francesco Mariotti, Richi Ferrero, Miriam Giessler e Hubert Sandmann, Lichtpunk, Maria Hansar, Klara Hobza, Rochus Aust; os criadores-produtores Peter Brdenk, Veronika Valk, Jean-François Arnaud, Jean-Claude Deschamps, Bettina Pelz e Tom Groll; todos eles, no seio de uma curadoria partilhada entre os alemães Bettina Pelz e Tom Groll, foram responsáveis por um conjunto de peças brilhantemente inseridas nos espaços da cidade – jardins, palácios, fachadas de edifícios, museus, cabines telefónicas…

A intenção do Evento era clara: agendar uma dimensão mais poética, mas também mais precisa e focada, da Arte da Luz. Fazê-lo ao longo das margens do Rio Dommel, onde a menor iluminação pública permitiria a cada obra apresentar-se em máximo esplendor, foi uma solução primorosa. De 24 de Novembro a 3 de Dezembro de 2006, esta opção revelou Eindhoven como um incontornável destino-Luz.



Um museu a arder?

O conjunto de obras constituiu um todo articulado, unido pela ideia de obscuridade e máximo cuidado na apropriação dos espaços públicos, donde que apenas pontualmente as peças se notabilizaram pela imponência. Foi bastante mais impressivo perceber como algumas delas davam a ver o desenho arquitectónico de edifícios, a vida dos espaços verdes ou de um lago, a própria intimidade de um hall de uma casa antiga. Aqui se apresentam algumas das obras que de forma mais original assumiram este programa, aliando dispositivos tecnológicos que raramente terão sido tão bem equlibrados com o sentido estético.

O concepção do evento de abertura foi entregue a Xavier de Richemont. O artista francês partiu da célebre máxima de Picasso – Queimem todos os museus – e literalmente – pelo menos a nível visual – pôs o importante Van Abbe Museum, uma instituição de referência da Arte Contemporânea… a arder. Foram usados três projectores Pani BP 6Gt, com gobos rotativos semelhantes a projectores de Teatro. O efeito, apesar de simples, é cinematográfico e dá realmente a ideia de que o Museu está em chamas… O som foi uma dimensão fundamental deste projecto: sincronizado com dezenas de projectores Citycolor e iluminação cénica vermelha, um sistema em surround ampliava os efeitos lumínicos com gravações do crepitar de chamas. Óbvio? Nem tanto, até pelo fair play de um Museu que aceita ver-se posto em causa, mesmo que metaforicamente!

In Sight de Tom Groll/Bettina Pelz foi talvez a intervenção mais impressionante, pela escala sobretudo, pelo rigor da montagem, pela relação com a história da cidade. Apenas com recurso a três projectores Pni [Modelo BP 6GT], a uma distância de 90m [o que fazia com que a fonte de luz e as estruturas de apoio fossem praticamente invisíveis], a Igreja de Sta. Catarina foi transformada numa presença estranha na cidade. Estranheza porém inspirada na realidade: diapositivos de grandes dimensões [15x15cm] projectaram na fachada, recortada na noite, manchas que no programa eram explicadas – mega-ampliações [1:3300] de fotografias das microestruturas das próprias madeiras utilizadas na construção do monumento – em resultado de um processo de análise e registo idêntico ao que sofreram as relíquias de esqueletos encontrados em escavações recentes na praça… De novo um delicado equilíbrio entre iconoclastia e veneração, que tão bem convém à arte em espaços públicos. Os diapositivos eram mudados de três em três dias, de contrário queimar-se-iam.

Tom Groll apresentou em nome próprio Talking Lights. Integrou bandas de RGB multicor nos vidros de três cabines telefónicas, fê-las reagir, por meio de tecnologia DMX, às qualidades acústicas das vozes dos transeuntes que entrassem e levantassem o auscultador, numa peça que é simultaneamente design de vanguarda e crítica da monotonia que normalmente define os equipamentos urbanos. Três cabines telefónicas passam a poder comunicar a sua presença e a dos seus utilizadores, emitindo na noite as múltiplas emoções que imaginamos povoam aquelas conversas. Uma obra de arte particularmente ‘útil’ se quisermos ultrapassar, nem que por apenas uns dias, a inóspita indiferença dos não-lugares.


Com z.T./w.T., o coreano Tae-Gon Kim. reservou-se a capacidade de… brilhar. A peça é pequena e até insignificante, se considermos a escala urbana. Mas as ideias não se medem assim, e mesmo nas fotografias o impacto da obra é inegável. Um vestido integralmente realizado em fibra óptica. Luz emitida e canalizada a partir de um projector de slides – uma das soluções técnicas surpreedentes da obra – alterando-se na temperatura de cor, como se de um cristal mecânico de tratasse. 80 variações para uma mesma magia, a de um vestido-pessoa em suspenso, à espera do fantasma de não sabemos que época ou lugar. Uma belíssima homenagem ao tempo!


Eindhoven revelou com o festival Glow uma abordagem muito válida da relação entre Arte e Cidade, num registo low profile e de enorme sensibilidade. Se cada cidade fosse como uma Vida, Glow terá sido um dia feliz na existência da Capital da Lâmpada. Philips teria gostado.

Mário Caeiro



IN SIGHT Manchas projectadas a toda altura da fachada da mais importante igreja de Eindhoven. Projecto de Bettina Pelz e Tom Groll. Foto de Claus Lager.

z.T./w.T. Emocionante e delicada presença etérea de um corpo. Fibra óptica trabalhada ao detalhe, com luz intermitências na potência e fluxo de luz – pelo artista coreano Tae-Gon Kim. Foto de Claus Lager.

SECOND SKIN Stefan Hoffmann interpreta a geometria de fachadas como se de uma ‘segunda pele’ se tratasse. Dinâmicas e fluidas, a projecção de linhas em lenta mas permanente evolução revela um quase primordial fascínio pela desenho e a geometria do edificado. Foto de Claus Lager.

TALKING LIGHTS Uma cabine telefónica que muda de cor, reagindo interactivamente às qualidades de cada voz que liga… Um projecto de Tom Groll. Foto de Claus Lager.

CAPSULE Surpresa no parque. O duo germânico Miriam Giessler & Hubert Sandmann num exercício de consciencialização ambiental. Foto de Claus Lager.

SWINGING IN THE LIGHT O Inverno pode ser divertido! Directamente da Estónia e de temperaturas abaixo dos 30º negativos, balouços-casulos para o transeunte urbano. Projecto de Veronika Valk. Foto de Claus Lager.

BE CAREFUL WITH LIGHT Peter Brdenk estabelece um padrão de máximo rigor na leitura minimal de uma fachada banal. Foto de Claus Lager.

QUANTUM FLOWERS Franceso Mariotti propôs uma peça sensível e delicada, espécie de nenúfar tecnológico realizado a partir da reutilização de garrafas de plástico. Os LED no interior, alimentados a energia solar, nem sempre fizeram justiça às ideias de um artista italiano de referência. O sol pouco brilhou. Foto de Claus Lager.

MIGRATION Jean-François Arnaud reinventou as gaivotas da Ilha de Rousseau por meio de projectores e imagens recortadas esvoaçando nos ramos de monumentais árvores. Um projecto estreado no festival Arbres et Lumières, de Genebra. Foto de Claus Lager.


Mais info: www.gloweindhoven.nl

Monday, May 21, 2007

Memory Lane 1 – Rory lives!

E agora uma tripzinha nostálgica ao blues-rock como cosmovisão… Cortesia You Tube.

http://www.youtube.com/watch?v=RxiEMpcI83E&mode=related&search=

http://www.youtube.com/watch?v=bXHJO5rWuCU&mode=related&search

http://www.youtube.com/watch?v=33Jaodra7AY&mode=related&search=

Mercurianas no Distrito de Leiria




Peniche. 11 de Maio. O Festival Mercúrio chega a meio da sua programação. 11 espectáculos – várias salas esgotadas –, oito aulas abertas, uma sessão ao ar livre, tocaram um público de mais de 1 000 pessoas. Até final de Maio, a ESAD continua a ‘dar asas ao Teatro’!

Vários desta centena de jovens actores terão certamente uma palavra a dizer no meio teatral e não só: não havendo muito mais dados, retenha-se a verve do Raimunde, a segurança do João Pedro Santos (que sustenta a segunda metade do Ivanov), a força da Rosa, a polivalência do Daniel Coimbra (do caraicatural André, no Zeck, ao seráfico e lentíssimo Egeu, na Medeia, passando por extrordinário-compère da Rosa num Solo de Pasolini... é obra!), a concentração do Pedro Ribeiro (que sentido Jasão, na Medeia)…



Info 'oficial':

«Mercúrio – Festival Itinerante de Teatro» tem como missão promover a emergente actividade teatral da Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, estabelecendo uma ponte entre a comunidade do Ensino Superior e o meio envolvente, proporcionando a abertura de um novo espaço de contacto, debate e fruição artística.

Com a organização do Festival Mercúrio, pretendem a ESAD.CR e a AIDC Associação Inovação Desenvolvimento e Ciência ‘dar asas ao Teatro’, um teatro experimental e contemporâneo, em ambiente de aprendizagem, que aspira a uma vertente social.


DA IMPORTÂNCIA DO MERCÚRIO

É num contexto de profundas alterações, turbulência e até de sensação de abismo perante o desconhecido que se vivem no Ensino Superior que a ESAD.CR propôe a realização do Projecto Mercúrio – Festival Itinerante de Teatro – e a sua implementação sustentada, como expressão regional pública de um projecto educativo com características próprias.

O Festival pretende valorizar algumas das áreas leccionadas na instituição: Animação Cultural e Teatro, e envolver alunos de outros Cursos, nomeadamente Artes Plásticas, Som e Imagem, e Design Gráfico; mas assume esse desígnio num registo de contacto franco com o público, criando, renovando e consolidando hábitos culturais. O Festival Mercúrio é por muitas razões muito mais que um mero projecto de itinerância cultural de uma Escola.

Queremos frisar a importância que este evento tem para uma escola de produção artística no que respeita à sua imagem exterior e à difusão daquilo que ali se faz; a importância de pormos em causa os nossos limites, de criarmos laços de humanidade entre pessoas diferentes, de procurarmos indagar o nosso conhecimento e o dos outros com aquilo que fazemos; a importância que um evento destes pode ter nas portas que está a abrir, na construção de organismos e estruturas que tentam melhorar a vida de todos nós.


Queremos partilhar com todos a importância e a magnitude desse gesto.
Bons espectáculos e melhor reflexão!

João Garcia Miguel e Mário Caeiro, coordenadores
Foto Miguel Nicolau


EVENTOS [27 Abril a 11 Maio]

O desafio era complexo e arriscado: proporcionar aos discentes uma experiência do real, em contexto público. Mais de cem alunos assumiram responsabilidades nas áreas da concepção, da organização, da produção, da comunicação, das relações institucionais [no caso da AC] e da encenação, da representação e da produção executiva [no caso do Teatro]. De muito amor e total entrega, também por parte de docentes e funcionários, nasceu um novo festival no Distrito de Leiria e as primeiras reacções a esta nova família – recolhidas junto do público, dos colegas, de responsáveis autárquicos, são unânimes: a iniciativa tem condições para evoluir e o seu carácter simultaneamente reflexivo e informal, pedagógico e convivial, asseguram-lhe personalidade própria.

Média de assistência:
116 pessoas/espectáculo!


A primeira metade do Mercúrio começou e acabou em Peniche. Cumpriu datas em Leiria [sede do Distrito] e Benedita [Distrito de Alcobaça], lotando várias salas e obtendo um média de público acima das 110 pessoas por espectáculo. Pesem as dificuldades organizativas, relacionadas com a escala do evento e condições e meios disponíveis, – que obrigaram a equipa de produção da Turma do 3.º Ano de AC a desdobrar-se em esforços para que o Festival acontecesse e dentro de custos controlados –, o saldo é ENORMEMENTE POSITIVO, a nível pedagógico, a nível cultural e a nível comunicacional.

Numa palavra, é possível afirmar que o Teatro da ESAD.CR, como forma de Arte de contacto humano, de proximidade, de elogio da palavra, do corpo, da luz e do acontecimento cultural, nas suas múltiplas expressões contemporâneas, naturalmente divergentes e até em concorrência acesa, assegurou um lugar próprio, uma visibilidade que se justifica plenamente. Esta afirmação resulta da constatação da disponibilidade total dos media locais – todas as principais rádios da Região, o jornal de referência das Caldas – para acarinharem um Conceito e um modus operandi capazes de, a curto prazo, darem origem a uma nova Centralidade Cultural. As reacções dos vários públicos confirmam-no de forma eloquente.



CENAS DE MEDEIA
SESSÃO ESPECIAL
Sexta-feira 27 ABRIL, Peniche, Auditório Stella Maris
DIR. DIOGO DÓRIA. 2.º ANO CURSO DE TEATRO
135 espectadores

Idosos oriundos de Instituições de Solidariedade Social do Concelho e arredores, jovens das CERCI de Peniche e Caldas da Rainha. para além de mais público que ali se deslocou de forma individual, tiveram a oportunidade de, no quadro de um evento de conceito inclusivo, ouvir as primeiras palavras ditas no Festival: uma introdução de Diogo Dória à Tragédia Grega e ao texto de Eurípides/Sophia de Mello Breyner Andresen, uma curta ‘aula’ que contextualizou um teatro que cala fundo no Mito, com poder de gerar repercussões directas na nossa cosmovisão, ou não estivessem patentes na peça temas da mais directa actualidade, como a condição da Mulher e o relacionamento com o Outro.

Para os alunos de Teatro, a experiência foi radical: as débeis condições de saúde de parte substancial do público, a irrequitude de muitos e os ruídos permanentes, obrigaram o elenco a um exercício de resistência de que nunca mais se esquecerão. O Mercúrio ‘obrigara’ a produção a acontecer, e esse foi o melhor prémio para todos. Comentário de uma senhora no público, no final: ‘isto que ali aconteceu vale muito dinheiro’. Tragédia Grega, sem concessões, em Terra de Mar, ouvindo-se as gaivotas sobrevoando o espaço físico do teatro. A iniciativa, entendida pelas instituições colaborantes como possibilidade de interacção social, gerou particular motivação junto dos seus clientes, nomeadamente as pessoas com deficiência, de que resultaram trabalhos, comentários e registos de âmbito pedagógico, focados em questões como as da Família ou da relação entre pais e filhos.
Agradecimentos especiais: CERCIPeniche e Câmara Municipal.


CENAS DE MEDEIA
Quinta-feira 3 Maio, Leiria, Auditório IPJ
DIR. DIOGO DÓRIA. 2.º ANO CURSO DE TEATRO
85 espectadores

Já em Leiria, nova apresentação da Medeia, agora com cenários trabalhados pictoricamente [solução plástica desenvolvida pelos actores-artistas]. Novo discurso de contextualização, desta vez por Guilherme Mendonça, e uma sala com as pessoas rendidas, em total silêncio e concentração, aos diálogos entre Medeia e Jasão, às interpelações do Coro. Vários docentes da ESAD.CR [Teresa Fradique, Emídio Guerreiro, Nélson Guerreiro] estiveram presentes. O primeiro espectáculo do Festival em Leiria foi um re-começo com o pé direito, na cidade-sede do Distrito e do IPL.




Zeck, ESAD, Abril 2007 - Foto de Luís Aguiar


ZECK.
Sábado, 5 MAIO, Leiria, Auditório IPJ
UM ESPECTÁCULO DE JOSÉ EDUARDO ROCHA.
FINALISTAS DO CURSO DE TEATRO E ARTISTAS CONVIDADOS.
120 espectadores

Depois da temporada de absoluto sucesso nas Caldas da Rainha, com cerca de 400 espectadores para quatro representações na Sala de Teatro 17 [Black Box], Zeck chegou a Leiria, em versão cinemascope e com condições técnicas melhoradas. Nas palavras de JER, ‘um público de 120 idosos, adultos, jovens e crianças [e até bebés] reagiu, riu, interagiu e aplaudiu do princípio ao fim’.



IVANOV
Quarta-feira, 9 Maio, Benedita,
Centro Cultural Gonçalves Sapinho
DIR. JOÃO GARCIA MIGUEL. 1.º ANO CURSO DE TEATRO
210 espectadores

Para os presentes na Benedita, público, elenco e docentes de Teatro, este foi um acontecimento memorável. Há quatro anos, o primeiro espectáculo dos alunos do 1.º Ano havia sido uma apresentação na Escola com meios técnicos rudimentares; quatro anos depois, os docentes viram os novos alunos de 1.º Ano pisarem um palco de qualidade, num auditório com excelentes condições a todos os níveis, num enquadramento comunicacional excelente. A promoção local do espectáculo – quase ‘porta a porta’ – realizada pelos alunos de Animação, a mobilização de Turmas na ESAD, aliada aos hábitos culturais que já vão sendo criados na Benedita, permiritam a actores que pisaram ali, pela primeira vez, um palco, uma noite electrizante, com direito a regresso para agradeciementos, diante do público de pé. Para os docentes presentes, foi o corolário in loco de quatro anos de afirmação de um Curso.


IVANOV
Sexta-feira, 11 Maio, Peniche, Auditório Stella Maris
DIR. JOÃO GARCIA MIGUEL. 1.º ANO CURSO DE TEATRO
60 espectadores

Aqui, a exiguidade do palco e as más condições acústicas do espaço – voltou a ouvir-se o ruído do café contíguo – voltaram a ser um desafio superado pelos actores, que provocaram no público ‘sentimentos fortes e vivências intensas’, ‘gritos e vozes que mexiam connosco’. Estiveram presentes responsáveis da ESAD.CR, ESTM e da CMP.


ENCONTRO PÚBLICO.
Sexta-feira, 11 Maio, Peniche, Fórum da Parreirinha
PORTO D’HONRA
150 espectadores, + 250 transeuntes

Mais de 250 pessoas passaram pelo Fórum durante o final da tarde e a noite, por casualidade ou curiosas pelo aparato de luz e televisores espalhados pelo ‘palco’ de madeira que domina a pequena praça. Diante de um fundo vermelho vivo, num ambiente quente com a iluminação urbana alterada por filtros vermelhos e as luzes do interior do Centro Cultural contíguo controladas por papel celofane, uma montagem rápida do Making-of do Festival explicitava o espírito da operação.

Cerca de 150 pessoas resistiriam à humidade da noite e, à hora prevista, 00h30, assistiriam a um slide-show de ensaios na ESAD.CR, ao som jazzy da guitarra eléctrica de Miguel Nicolau. O público foi muito diversificado, abrangendo de jovens a partir dos 10-14 anos até aos particiantes de um colóquio que se realizava no próprio Centro Cultural.




Solo Teatral/Ana Rosa, Fórum da Parreirinha, Peniche, 11 Maio 2007 - Foto de Bruna Oliveira

Ah, Rosa Vermelha!

Mas a noite foi da Rosa. Ana Rosa verteu com garra excertos de Orgia de Pasolini, ao lado [em cima…!] de Daniel, o perfeito compère, exemplar no papel de ausente-presente, esteio do brilho e da chama da actriz principal. Saber que este espectáculo foi decidido na véspera às 23h30, quando o próprio presidente da CMP sugeriu – e se houvesse amanhã aqui teatro, era possível…? – na ESAD.CR não apenas se fazem alguns milagres, como mantemos mantemos em aberto a opção de reagir ao tecido social e político de forma imediata e generosa; sem ter naturalmente de se converter em regra, este acontecimento improvisado e preparado num reduzidíssimo espaço de tempo revela todas as potencialidades de uma Escola artística com meios, soluções e gente para todos os desafios.

António José Correia, presidente da Câmara Municipal, assistiu ao evento e discursou, avançando o interesse da CMP na iniciativa. A Câmara excedeu os limites do mero apoio técnico, num sinal de inequívoco envolvimento. No espaço-agora da Parreirinha, aconteceu teatro urbano, mas sobretudo cidadania com criatividade. Estiveram presentes, a dar toda a força necessária, os Directores da ESAD.CR e da ESTM. No final, no palco, actores entretanto chegados do espectáculo da noite, a Turma de Animação, transeuntes e responsáveis autárquicos conviveram informalmente, com direito a improvisações de guitarra eléctrica, de novo pelo Miguel Nicolau.


MERCÚRIO NA RÁDIO
Rádio. Imprensa. Comunicação

Desde o início do Festival somam-se os minutos e páginas de cobertura pelos principais meios de Comunicação Social da Região do Oeste, com destaque para a cobertura do Evento possibilitada pelas ‘1/2 de Teatro’ proporcinadas pela TSF / Rádio Caldas, em horário nobre. Mas também outras rádios como a Rádio IPLay [com sede no IPL e relações estreitas com várias rádios locais], Rádio Batalha, a Rádio da Benedita, a Rádio Litoral Oeste [Óbidos] ou a 102FM Rádio [Peniche], entre outras em Leiria, Porto de Mós, Alcobaça, Marinha Grande, Nazaré, Rio Maior têm convidado responsáveis e elencos para entrevistas e depoimentos, ajudando as audiências a compreender o âmbito escolar da iniciativa e a sua vertente socialmente interventiva.

Na promoção e divulgação do Festival há ainda a destacar o trabalho exemplar da Gazeta das Caldas, que desde a primeira hora acompanha o Programa, com informação actualizada e útil.


CONTACTOS

http://web.esad.ipleiria.pt/mercurio

RESERVAS
teamreservas@mail.esad.ipleiria.pt

Paz, Pao, Habitaçao… 'AS OPERAÇÕES SAAL' EM FILME!


ESTAMOS PRONTOS PARA OUTRA.

As palavras são de Siza, trinta e tal anos depois do 'Processo' que lançou uma brilhante geração de arquitectos. Muito mais que uma nota de rodapé lírica na época do PREC, as Operações SAAL foram uma verdadeiro movimento de cidadania urbana que ensaiou soluções de participação popular na Vida Pública. As memórias e os mitos dos dias em que a Arquitectura esteve realmente perto das pessoas deram recentemente origem ao documentário 'AS OPERAÇÕES SAAL', de João Dias, com produção de Abel Ribeiro Chaves [Bazar do Vídeo]. É mais um Projecto-Memória-30 Anos da Extra]muros[.

A montagem ora truculenta, ora lírica, por um jovem realizador cujo pai esteve no SAAL do Algarve, resultou numa belíssima longa-metragem, que personalidades como Fernando Lopes e João Maria Grilo acarinharam e vão ajudar a lançar – já dia 4 de Junho de 2007, pelas 21h, no Cinema S. Jorge, por ocasião da Antestreia. Lá estarão os arquitectos José Bandeirinha, Nuno Teotónio Pereira, Manuel Vicente, José Neves, o fundamental Nuno Portas, e saber-se-á então que fazer com os sonhos justos em tempos de obscurantismo social. Uma luminosa experiência.

ALGUMA INFORMAÇÃO 'OFICIAL':


Sinopse

Paz, pão, habitação…
As Operações SAAL
é o documentário que faltava para ajudar a compreender as dinâmicas inerentes a um épico momento de encontro transformador, entre o fazer da cidade e os agentes dos movimentos sociais.

À distância de trinta anos, a produção de um documentário exlusivamente dedicado aos factos relacionados com as Operações SAAL propõe a reavaliação de todo o processo, suas metodologias e os resultados obtidos, especialmente no que concerne a complexa relação entre Estado, Habitação, Política e Projecto Urbano.


Introdução

‘A HABITAÇÃO É UM PROBLEMA SOCIAL,
LOGO DEVE SER UM PROBLEMA DA SOCIEDADE.’

As operações SAAL [Serviço Ambulatório de Apoio Local] foram durante um curto período após o 25 de Abril de 74, uma intensa experiência de democracia e intervenção participativas no domínio da habitação social. Ainda hoje continua a constituir uma referência para os Estudos Urbanos, pela forma como envolveu arquitectos, engenheiros, juristas, geógrafos, sociólogos e, sobretudo, os próprios moradores de bairros degradados, num esforço associativo para lutar por uma habitação condigna e pelo direito à cidade.

Trinta anos depois as memórias e as vivências das gerações seguintes ajudam a entender as repercussões sociais, culturais e urbanas desta mítica acção colectiva e multidisciplinar em que fazer a Cidade correspondeu a fazer justiça.



Objectivos do Projecto

‘NÃO DEVE HAVER CASAS SEM GENTE
ENQUANTO HOUVER GENTE SEM CASA’

Trinta anos depois da curta experiência de democracia participativa que se sucedeu ao golpe militar de 25 de Abril de 74, surgia no nosso país uma iniciativa de intervenção no domínio das políticas urbanas de habitação, a qual deixaria marcas na vida e na memória colectiva, tal como nas estruturas do poder.

As operações SAAL. Tuteladas pelo MFA [Movimento das Forças Armadas], envolveram arquitectos, engenheiros, ,juristas, geógrafos e sobretudo os próprios moradores de bairros degradados num esforço associativo no âmbito do qual foram criadas comissões para lutar por uma habitação condigna, «o direito ao lugar» e, implicitamente, uma sociedade mais justa.

Durante um curto momento em que convergiram as novas formas de intervenção estatal e lutas populares pelo direito a casas condignas, as operações SAAL destacaram-se pela sua importância exemplaridade e solidariedade.

Trinta anos depois, as memórias filmadas dos actores destes processos ajudam a reconstituir o período em que um esforço conjunto envolveu o Estado, intelectuais e movimentos populares na promoção de direitos sociais novos e na melhoria imediata das condições de vida das populações mais desprotegidas.