Wednesday, February 14, 2007

Neil Young em 71


Um aperitivo em…

http://www.neilyoung.com/archives/masseyhall/masseypromo_qt.html

Clássicos, os trapos.

On The Way Home
Tell Me Why
Old Man
Journey Through The Past
Helpless
Love In Mind
A Man Needs A Maid/Heart of Gold Suite
Cowgirl In The Sand
Don't Let It Bring You Down
There's a World
Bad Fog Of Loneliness
The Needle And The Damage Done
Ohio
See The Sky About To Rain
Down By The River
Dance Dance Dance
I Am A Child

Ao vivo e a solo, a estrela 'inoxidável', como lhe chamou a rock&folk há duas décadas, nesta altura ainda mais reluzente. E depois o tom da imagem 'à seventies'…

Comentário do artista: This is the album that should have come out between After the Gold Rush and Harvest. David Briggs, my producer, was adamant that this should be the record, but I was very excited about the takes we got on Harvest and wanted Harvest out. David disagreed. As I listen to this today, I can see why. Love you, David. NY

Mais em:
http://www.neilyoung.com/

Wednesday, February 7, 2007

Cultura. Dante[s].

Entrevista dada ao Jornal O GLOBO por 'Marcola', líder dos "gangs" brasileiros que puseram recentemente S. Paulo a ferro e fogo

- Coluna: Arnaldo Jabor

- "Você é do PCC?"

- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível... vocês nunca me olharam durante décadas... E antigamente era mole resolver o problema da miséria... O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias. A solução que nunca vinha... Que fizeram ? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a "beleza dos morros ao amanhecer", essas coisas... Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo... Nós somos o início tardio de vossa consciência social... Viu? Sou culto... Leio Dante na prisão...

- Mas... A solução seria...

- Solução? Não há mais solução, cara... A própria ideia de "solução" já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento económico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma "tirania esclarecida", que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC...) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até Conference Calls entre presídios...) E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.

- Você não têm medo de morrer?

- Você é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar... Mas eu posso mandar matar vocês lá fora... Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba... Estamos no centro do Insolúvel, mesmo... Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração... A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala... Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em "seja marginal, seja herói"? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha... Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante... Mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feitas "com autorização da Justiça"? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, Internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.

- O que mudou nas periferias?

- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório... Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no "microondas"... Ha, ha... Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.

- Mas o que devemos fazer?

- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas... O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, "Sobre a guerra". Não há perspectiva de êxito... Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas... A gente já tem até foguete antitanques... Se bobear, vão rolar uns Stingers aí... Pra acabar com a gente, só jogando bomba atómica nas favelas... Aliás, a gente acaba arranjando também "umazinha", daquelas bombas sujas mesmo... Já pensou? Ipanema radioativa?

- Mas... não haveria solução?

- Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a "normalidade". Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco... na boa... na moral... Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês... não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: "Lasciate ogni speranza voi che entrate!" - Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno. "
 

Tuesday, February 6, 2007

Watcher of the... stage!






Em Setembro de 1972 foi lançado o quarto álbum dos Genesis, Foxtrot. A banda já tinha excelente reputação pelas suas actuações ao vivo com Peter Gabriel, protagonista de aparições em palco com o cabelo semi-rapado e vestes egípcias. Watcher of the Skies era a partir daí um tema-matriz do progressivo, Supper's Ready un tour-de-force desconcertante…
Foi por esta altura que Paul Conroy, da Charisma Records, sugeriu que alguém usasse a personagem egípcia em palco para promover o novo álbum; Peter Gabriel decidiu fazê-lo no concerto de Dublin, em 28 de Setembro de 1972, deixando o público perplexo. Foi também em 1972 que os Genesis actuaram pela primeira vez nos Estados Unidos, em Dezembro, nas cidades de Boston e Nova York. No ano de 1973, actuaram com sucesso em França, Itália e Alemanha; entretanto com a cobertura entusiástica nas primeiras páginas da imprensa musical, era preparada a tournée por Inglaterra.

O concerto de 9 de Fevereiro de 1973, no prestigiado Rainbow Theatre de Londres, mudou tudo para a banda.
Nesta altura, Adrian Selby, que era o designer da iluminação, teve a ideia de utilizar uma cortina branca como fundo do palco, por forma a esconder equipamento; usou também instrumentos brancos e equipamento de palco todo branco. Aplicou luz negra na iluminação - o que tornou a cortina completamente opaca - e assim criou uma atmosfera surrealista e única.

O primeira das inúmeras 'viagens' que os Genesis proporcionariam aos seus fãs

Foi no concerto britânico de 73 que a cabeça de raposa de espectáculos anteriores [no tema The Musical Box] foi substituída por novas máscaras e um guarda-roupa sempre em renovação, o qual se tornaria em imagem de marca da banda. Foi uma noite memorável. Depois dessa triunfal tournée britânica, a banda regressaria em Março e Abril aos Estados Unidos, fazendo mais alguns concertos novamente em França e na Bélgica. Cada vez mais, o processo artístico partia da ideia inovadora de combinar música e actuação teatral. No total, foram realizados 30 concertos da fase 'branca' dos Genesis. O disco Live, editado em Julho de 1973, é o testemunho deste período.

Aula Magna 2007

Este ano [2007], por sortilégio da vontade, da técnica e de uma paixão científica retro, volta a ser possível ao público [fãs e não-fãs] ver em Portugal um espectáculo que recria em rigor os espectáculos dos Genesis dos inícios dos anos 70 [não apenas a tournée de Foxtrot, mas também a de Selling England by the Pound]. THE MUSICAL BOX não é memorabilia kitsch nem nostalgia, é um projecto de museologia rock, feito por canadianos hiper-profissionais, que reconstituem as coisas com meticulosa precisão [e o apoio e autorização expressos pelos 'verdadeiros' Genesis]. Por absurdo, os espectáculos que aqui se referem são tão importantes como os originais – porque tal como tempo não se repete, o tempo 'repetido' também não…
Vejam-se as imagens… e procure-se as diferenças entre reconstituição e original! Para amantes do Tempo, da Arte, do Rock, da Luz, do Design de Cena, de Vigilantes dos Céus de carapuços geométricos e idiosincrasias outras que não cabem num blogue.

Toda a info:
http://www.themusicalbox.net/
http://jdo-productions.com/THE_MUSICAL_BOX_INTRO.htm

DVD sobre os Genesis e a sua passagem por Portugal:
http://webserver.cm-lisboa.pt/fonoteca/cgi-bin/info3.pl?20673&CD&0

Sunday, February 4, 2007

Richi Ferrero, amici in Torino



Richi Ferrero é um artista prometaico, pleno e festivo, nobre e presente, generoso e compacto. As suas intervenções urbanas em Turim, recorrendo a meios espectaculares mas sem perder o contacto com o sensível, permitem falar de uma 'fantasia urbana', ou como ele próprio designa numa edição de síntese da sua carreira, de um GRAN TEATRO URBANO. É amigo e companheiro de trabalho de muitos grandes da Arte Povera – movimento imerecidamente esquecido na curva do Poder, onde pontificaram Pistoletto, Merz, Anselmo… e Richi oferece uma espécie de contraponto mais teatral, cenográfico, performativo, dessa geração de mestres da Arte Contemporânea. Nenhuma cidade portuguesa ainda o conhece, mas é a altura de isso acontecer. Nas imagens, duas esculturas recentes, cada a uma dialogando com o espaço urbano de forma simultaneamente singela e poderosa. No site, uma panóplia de soluções artificiosas são exemplos de como fazer arte urbana espectacular e sensível, simultaneamente. www.richiferrero.it