Monday, May 21, 2007

Mercurianas no Distrito de Leiria




Peniche. 11 de Maio. O Festival Mercúrio chega a meio da sua programação. 11 espectáculos – várias salas esgotadas –, oito aulas abertas, uma sessão ao ar livre, tocaram um público de mais de 1 000 pessoas. Até final de Maio, a ESAD continua a ‘dar asas ao Teatro’!

Vários desta centena de jovens actores terão certamente uma palavra a dizer no meio teatral e não só: não havendo muito mais dados, retenha-se a verve do Raimunde, a segurança do João Pedro Santos (que sustenta a segunda metade do Ivanov), a força da Rosa, a polivalência do Daniel Coimbra (do caraicatural André, no Zeck, ao seráfico e lentíssimo Egeu, na Medeia, passando por extrordinário-compère da Rosa num Solo de Pasolini... é obra!), a concentração do Pedro Ribeiro (que sentido Jasão, na Medeia)…



Info 'oficial':

«Mercúrio – Festival Itinerante de Teatro» tem como missão promover a emergente actividade teatral da Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, estabelecendo uma ponte entre a comunidade do Ensino Superior e o meio envolvente, proporcionando a abertura de um novo espaço de contacto, debate e fruição artística.

Com a organização do Festival Mercúrio, pretendem a ESAD.CR e a AIDC Associação Inovação Desenvolvimento e Ciência ‘dar asas ao Teatro’, um teatro experimental e contemporâneo, em ambiente de aprendizagem, que aspira a uma vertente social.


DA IMPORTÂNCIA DO MERCÚRIO

É num contexto de profundas alterações, turbulência e até de sensação de abismo perante o desconhecido que se vivem no Ensino Superior que a ESAD.CR propôe a realização do Projecto Mercúrio – Festival Itinerante de Teatro – e a sua implementação sustentada, como expressão regional pública de um projecto educativo com características próprias.

O Festival pretende valorizar algumas das áreas leccionadas na instituição: Animação Cultural e Teatro, e envolver alunos de outros Cursos, nomeadamente Artes Plásticas, Som e Imagem, e Design Gráfico; mas assume esse desígnio num registo de contacto franco com o público, criando, renovando e consolidando hábitos culturais. O Festival Mercúrio é por muitas razões muito mais que um mero projecto de itinerância cultural de uma Escola.

Queremos frisar a importância que este evento tem para uma escola de produção artística no que respeita à sua imagem exterior e à difusão daquilo que ali se faz; a importância de pormos em causa os nossos limites, de criarmos laços de humanidade entre pessoas diferentes, de procurarmos indagar o nosso conhecimento e o dos outros com aquilo que fazemos; a importância que um evento destes pode ter nas portas que está a abrir, na construção de organismos e estruturas que tentam melhorar a vida de todos nós.


Queremos partilhar com todos a importância e a magnitude desse gesto.
Bons espectáculos e melhor reflexão!

João Garcia Miguel e Mário Caeiro, coordenadores
Foto Miguel Nicolau


EVENTOS [27 Abril a 11 Maio]

O desafio era complexo e arriscado: proporcionar aos discentes uma experiência do real, em contexto público. Mais de cem alunos assumiram responsabilidades nas áreas da concepção, da organização, da produção, da comunicação, das relações institucionais [no caso da AC] e da encenação, da representação e da produção executiva [no caso do Teatro]. De muito amor e total entrega, também por parte de docentes e funcionários, nasceu um novo festival no Distrito de Leiria e as primeiras reacções a esta nova família – recolhidas junto do público, dos colegas, de responsáveis autárquicos, são unânimes: a iniciativa tem condições para evoluir e o seu carácter simultaneamente reflexivo e informal, pedagógico e convivial, asseguram-lhe personalidade própria.

Média de assistência:
116 pessoas/espectáculo!


A primeira metade do Mercúrio começou e acabou em Peniche. Cumpriu datas em Leiria [sede do Distrito] e Benedita [Distrito de Alcobaça], lotando várias salas e obtendo um média de público acima das 110 pessoas por espectáculo. Pesem as dificuldades organizativas, relacionadas com a escala do evento e condições e meios disponíveis, – que obrigaram a equipa de produção da Turma do 3.º Ano de AC a desdobrar-se em esforços para que o Festival acontecesse e dentro de custos controlados –, o saldo é ENORMEMENTE POSITIVO, a nível pedagógico, a nível cultural e a nível comunicacional.

Numa palavra, é possível afirmar que o Teatro da ESAD.CR, como forma de Arte de contacto humano, de proximidade, de elogio da palavra, do corpo, da luz e do acontecimento cultural, nas suas múltiplas expressões contemporâneas, naturalmente divergentes e até em concorrência acesa, assegurou um lugar próprio, uma visibilidade que se justifica plenamente. Esta afirmação resulta da constatação da disponibilidade total dos media locais – todas as principais rádios da Região, o jornal de referência das Caldas – para acarinharem um Conceito e um modus operandi capazes de, a curto prazo, darem origem a uma nova Centralidade Cultural. As reacções dos vários públicos confirmam-no de forma eloquente.



CENAS DE MEDEIA
SESSÃO ESPECIAL
Sexta-feira 27 ABRIL, Peniche, Auditório Stella Maris
DIR. DIOGO DÓRIA. 2.º ANO CURSO DE TEATRO
135 espectadores

Idosos oriundos de Instituições de Solidariedade Social do Concelho e arredores, jovens das CERCI de Peniche e Caldas da Rainha. para além de mais público que ali se deslocou de forma individual, tiveram a oportunidade de, no quadro de um evento de conceito inclusivo, ouvir as primeiras palavras ditas no Festival: uma introdução de Diogo Dória à Tragédia Grega e ao texto de Eurípides/Sophia de Mello Breyner Andresen, uma curta ‘aula’ que contextualizou um teatro que cala fundo no Mito, com poder de gerar repercussões directas na nossa cosmovisão, ou não estivessem patentes na peça temas da mais directa actualidade, como a condição da Mulher e o relacionamento com o Outro.

Para os alunos de Teatro, a experiência foi radical: as débeis condições de saúde de parte substancial do público, a irrequitude de muitos e os ruídos permanentes, obrigaram o elenco a um exercício de resistência de que nunca mais se esquecerão. O Mercúrio ‘obrigara’ a produção a acontecer, e esse foi o melhor prémio para todos. Comentário de uma senhora no público, no final: ‘isto que ali aconteceu vale muito dinheiro’. Tragédia Grega, sem concessões, em Terra de Mar, ouvindo-se as gaivotas sobrevoando o espaço físico do teatro. A iniciativa, entendida pelas instituições colaborantes como possibilidade de interacção social, gerou particular motivação junto dos seus clientes, nomeadamente as pessoas com deficiência, de que resultaram trabalhos, comentários e registos de âmbito pedagógico, focados em questões como as da Família ou da relação entre pais e filhos.
Agradecimentos especiais: CERCIPeniche e Câmara Municipal.


CENAS DE MEDEIA
Quinta-feira 3 Maio, Leiria, Auditório IPJ
DIR. DIOGO DÓRIA. 2.º ANO CURSO DE TEATRO
85 espectadores

Já em Leiria, nova apresentação da Medeia, agora com cenários trabalhados pictoricamente [solução plástica desenvolvida pelos actores-artistas]. Novo discurso de contextualização, desta vez por Guilherme Mendonça, e uma sala com as pessoas rendidas, em total silêncio e concentração, aos diálogos entre Medeia e Jasão, às interpelações do Coro. Vários docentes da ESAD.CR [Teresa Fradique, Emídio Guerreiro, Nélson Guerreiro] estiveram presentes. O primeiro espectáculo do Festival em Leiria foi um re-começo com o pé direito, na cidade-sede do Distrito e do IPL.




Zeck, ESAD, Abril 2007 - Foto de Luís Aguiar


ZECK.
Sábado, 5 MAIO, Leiria, Auditório IPJ
UM ESPECTÁCULO DE JOSÉ EDUARDO ROCHA.
FINALISTAS DO CURSO DE TEATRO E ARTISTAS CONVIDADOS.
120 espectadores

Depois da temporada de absoluto sucesso nas Caldas da Rainha, com cerca de 400 espectadores para quatro representações na Sala de Teatro 17 [Black Box], Zeck chegou a Leiria, em versão cinemascope e com condições técnicas melhoradas. Nas palavras de JER, ‘um público de 120 idosos, adultos, jovens e crianças [e até bebés] reagiu, riu, interagiu e aplaudiu do princípio ao fim’.



IVANOV
Quarta-feira, 9 Maio, Benedita,
Centro Cultural Gonçalves Sapinho
DIR. JOÃO GARCIA MIGUEL. 1.º ANO CURSO DE TEATRO
210 espectadores

Para os presentes na Benedita, público, elenco e docentes de Teatro, este foi um acontecimento memorável. Há quatro anos, o primeiro espectáculo dos alunos do 1.º Ano havia sido uma apresentação na Escola com meios técnicos rudimentares; quatro anos depois, os docentes viram os novos alunos de 1.º Ano pisarem um palco de qualidade, num auditório com excelentes condições a todos os níveis, num enquadramento comunicacional excelente. A promoção local do espectáculo – quase ‘porta a porta’ – realizada pelos alunos de Animação, a mobilização de Turmas na ESAD, aliada aos hábitos culturais que já vão sendo criados na Benedita, permiritam a actores que pisaram ali, pela primeira vez, um palco, uma noite electrizante, com direito a regresso para agradeciementos, diante do público de pé. Para os docentes presentes, foi o corolário in loco de quatro anos de afirmação de um Curso.


IVANOV
Sexta-feira, 11 Maio, Peniche, Auditório Stella Maris
DIR. JOÃO GARCIA MIGUEL. 1.º ANO CURSO DE TEATRO
60 espectadores

Aqui, a exiguidade do palco e as más condições acústicas do espaço – voltou a ouvir-se o ruído do café contíguo – voltaram a ser um desafio superado pelos actores, que provocaram no público ‘sentimentos fortes e vivências intensas’, ‘gritos e vozes que mexiam connosco’. Estiveram presentes responsáveis da ESAD.CR, ESTM e da CMP.


ENCONTRO PÚBLICO.
Sexta-feira, 11 Maio, Peniche, Fórum da Parreirinha
PORTO D’HONRA
150 espectadores, + 250 transeuntes

Mais de 250 pessoas passaram pelo Fórum durante o final da tarde e a noite, por casualidade ou curiosas pelo aparato de luz e televisores espalhados pelo ‘palco’ de madeira que domina a pequena praça. Diante de um fundo vermelho vivo, num ambiente quente com a iluminação urbana alterada por filtros vermelhos e as luzes do interior do Centro Cultural contíguo controladas por papel celofane, uma montagem rápida do Making-of do Festival explicitava o espírito da operação.

Cerca de 150 pessoas resistiriam à humidade da noite e, à hora prevista, 00h30, assistiriam a um slide-show de ensaios na ESAD.CR, ao som jazzy da guitarra eléctrica de Miguel Nicolau. O público foi muito diversificado, abrangendo de jovens a partir dos 10-14 anos até aos particiantes de um colóquio que se realizava no próprio Centro Cultural.




Solo Teatral/Ana Rosa, Fórum da Parreirinha, Peniche, 11 Maio 2007 - Foto de Bruna Oliveira

Ah, Rosa Vermelha!

Mas a noite foi da Rosa. Ana Rosa verteu com garra excertos de Orgia de Pasolini, ao lado [em cima…!] de Daniel, o perfeito compère, exemplar no papel de ausente-presente, esteio do brilho e da chama da actriz principal. Saber que este espectáculo foi decidido na véspera às 23h30, quando o próprio presidente da CMP sugeriu – e se houvesse amanhã aqui teatro, era possível…? – na ESAD.CR não apenas se fazem alguns milagres, como mantemos mantemos em aberto a opção de reagir ao tecido social e político de forma imediata e generosa; sem ter naturalmente de se converter em regra, este acontecimento improvisado e preparado num reduzidíssimo espaço de tempo revela todas as potencialidades de uma Escola artística com meios, soluções e gente para todos os desafios.

António José Correia, presidente da Câmara Municipal, assistiu ao evento e discursou, avançando o interesse da CMP na iniciativa. A Câmara excedeu os limites do mero apoio técnico, num sinal de inequívoco envolvimento. No espaço-agora da Parreirinha, aconteceu teatro urbano, mas sobretudo cidadania com criatividade. Estiveram presentes, a dar toda a força necessária, os Directores da ESAD.CR e da ESTM. No final, no palco, actores entretanto chegados do espectáculo da noite, a Turma de Animação, transeuntes e responsáveis autárquicos conviveram informalmente, com direito a improvisações de guitarra eléctrica, de novo pelo Miguel Nicolau.


MERCÚRIO NA RÁDIO
Rádio. Imprensa. Comunicação

Desde o início do Festival somam-se os minutos e páginas de cobertura pelos principais meios de Comunicação Social da Região do Oeste, com destaque para a cobertura do Evento possibilitada pelas ‘1/2 de Teatro’ proporcinadas pela TSF / Rádio Caldas, em horário nobre. Mas também outras rádios como a Rádio IPLay [com sede no IPL e relações estreitas com várias rádios locais], Rádio Batalha, a Rádio da Benedita, a Rádio Litoral Oeste [Óbidos] ou a 102FM Rádio [Peniche], entre outras em Leiria, Porto de Mós, Alcobaça, Marinha Grande, Nazaré, Rio Maior têm convidado responsáveis e elencos para entrevistas e depoimentos, ajudando as audiências a compreender o âmbito escolar da iniciativa e a sua vertente socialmente interventiva.

Na promoção e divulgação do Festival há ainda a destacar o trabalho exemplar da Gazeta das Caldas, que desde a primeira hora acompanha o Programa, com informação actualizada e útil.


CONTACTOS

http://web.esad.ipleiria.pt/mercurio

RESERVAS
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